Pierre Verger (1902-1996) foi um fotógrafo, antropólogo e pesquisador francês. Tornou-se um dos principais antropólogos e historiadores da cultura brasileira, sobretudo da popular, e da ancestralidade africana. Pierre Edouard Leopold Verger (1902-1996) nasceu em Paris, França, no dia 4 de novembro de 1902. Filho de uma família de origem belga radicada na França, com sua Rolleiflex, passa então a desbravar o mundo. Durante 14 anos, Verger viveu só para a fotografia.
Tendo a França como base, viajou o mundo registrando lugares e pessoas, histórias e tradições. Fez também longas caminhadas, com o desejo de conhecer, compreender e recontar tudo que era descoberto, sempre como correspondente de revistas e jornais europeus e americanos, entre eles, Paris-Soir - em 1934, Daily Mirror - de 1935 a 1936, Life - em 1937, Argentina Libre e Mundo Argentino - em 1941 e 1942 e O Cruzeiro - de 1945 a 1950.
Em 1934, Pierre Verger fundou a Alliance Photo, uma agência fotográfica para administrar e divulgar o material produzido por seus membros. Em 1946 Verger chegou ao Brasil, e ao desembarcar em Salvador, então tudo mudou para ele.
Esteve em Recife e Olinda, e seu olhar deixou marcas inquestionáveis na formação sociocultural brasileira e na compreensão da raiz negra no país. Como fazia em todos os lugares, procurava conviver com gente simples. Os negros monopolizavam sua atenção. Além de se dedicar à fotografia, estudou a cultura negra da África e do Brasil. Concentrou seu estudo na cultura Iorubá, e de fotógrafo passou a etnólogo e escritor. Conheceu e documentou a religião dos “voduns” em São Luís no Maranhão, o “xangô” em Pernambuco e em Salvador foi iniciado no candomblé.
Em 1966, Pierre Verger obteve o título de Doutor de Terceiro Ciclo da Sorbonne, com a tese sobre o tráfico de escravos entre o Golfo do Benin e a Bahia dos séculos XVII ao XIX. A partir do processo de criação do futuro Museu Afro-Brasileiro, finalmente inaugurado em 1982, integrou a equipe docente da Universidade Federal da Bahia.
Em 1988, criou a Fundação Pierre Verger, transformando sua própria casa na sede da fundação e em um centro de pesquisa. No acervo da Fundação Pierre Verger podemos encontrar diversas fotos de praticantes da capoeira na primeira metade do século XX. Em algumas dessas imagens produzidas, a partir de 1946 até o início dos anos 50, Pierre Verger mergulha no universo do jogo entre os capoeiras, buscando detalhes nos movimentos de agilidade e destreza corporal. Os saveiros fazem o fundo da foto, os mesmos que atravessam para a Ilha de Maré, para o Recôncavo da Bahia e para onde o visitante mais quiser ir na Ilha de Itaparica, Mar Grande ou outros lugares. Os jogadores da capoeira parecem ganhar movimento na foto, um rodopio, um pé em cima desfechando um Pisão de Frente ou Chapa, a saída no Rolê. Ele registrou capoeiras em todos os lugares, desde o barracão de Mestre Waldemar no Corta Braço, a outros, a jogar no Cais do Ouro da Velha Bahia de Todos os Santos.
Algumas fotos da capoeira não são na roda, é uma exibição para o fotografo que busca o melhor ângulo para surpreender o jogador em uma Chamada de Frente. Pierre Verger registrou o desenvolvimento da Capoeira na cidade de Salvador de forma peculiar, fotografando os embarcadiços, os marinheiros, os estivadores, as crianças, os grandes mestres.
Pierre Verger faleceu em Salvador, Bahia, no dia 11 de fevereiro de 1996.