Associação Brasileira de Capoeira Angola, o nascimento das organizações dos angoleiros
Atualmente, a principal associação de capoeiristas angoleiros é a Associação Brasileira de Capoeira Angola – ABCA
A Capoeira Angola há muito tempo já vem se organizando em associações culturais específicas. Esse movimento foi iniciado ainda nos primórdios do século XX. Atualmente, a principal associação de capoeiristas angoleiros é a Associação Brasileira de Capoeira Angola – ABCA.
O movimento de organização dos capoeiristas angoleiros já foi iniciado desde a primeira metade do século XX. Esse movimento associativo nos parece ter surgido desde as rodas de Capoeira no Morro da Cruz, Morro Fazenda, Morro do Pilão, na Piedade, Curva Grande e outros centros de concentração dos “bambas” da Capoeira baiana. Segundo Mestre Noronha, o primeiro centro de Capoeira Angola funcionava na Ladeira da Pedra, no Bairro da Liberdade, no Alto da Gengibirra. O local era frequentado por Amorzinho, Aberrê, Geraldo Chapeleiro, Juvenal Engraxate, Bigode de Seda, Bom Nome, Onça Preta, e o próprio Mestre Noronha.
O Mestre Pastinha foi o principal interlocutor entre os capoeiristas angoleiros, no sentido do desenvolvimento organizado dos praticantes ao fundar o Centro Esportivo de Capoeira Angola. Tivemos também o Barracão de Mestre Waldemar, outro local de grande concentração de praticantes da Capoeira Angola, centro de reuniões e de decisões sobre os caminhos a serem tomados para manutenção da prática cultural na sociedade brasileira. Mas, somente em 1987 é que surge a Associassão Brasileira de Capoeira Angola (ABCA), no intuito de conscientizar os praticantes a se organizarem de forma administrativa e jurídica, se integrando a sociedade em moldes pré-estabelecidos.
“A sociedade congrega em sua sede: associados, acadêmias, associações, grupos, mestres, professores, alunos e representantes da ABCA em vários Estados”. A Associação Brasileira de Capoeira Angola é uma entidade de utilidade pública, tendo, atualmente, como seu primeiro representante o Mestre Pelé da Bomba, apelido de Natalício Neves da Silva. Um dos objetivos da Associação é o de manter a cultura popular, resgatar as tradições a partir da manutenção da cultura oral e desenvolver ações socioculturais. Ela oferece à comunidade elementos didáticos, oficinas, produção de cantigas, palestras e rodas de capoeira. Um lugar onde os praticantes podem se encontrar, realizar debates, reuniões e decidir sobre o estatuto e passos de construção da entidade. Na primeira eleição foi formada a diretoria pelos Mestres João Pequeno (Presidente), Paulo dos Anjos (Vice-presidente), Mario Bom Cabrito (Tesoureiro), Mestre Nô (Diretor Técnico) e Mestre Rene (Diretor Social).
A ABCA ainda teve outras diretorias compostas por personagens marcantes no universo dos praticantes da Capoeira Angola, como Mestre Morais e Mestre Barba Branca. Nos anos 2000, quando a capoeira foi considerada Patrimônio Cultural, as organizações obtiveram maior impulso logístico, a partir do crescimento de laços inter-institucionais com outras associações culturais de natureza cultural ou com órgãos governamentais, desenvolvendo diversos projetos públicos. A Associação Brasileira de Capoeira Angola ainda conta com um Conselho de Mestres que ilustra os principais protagonistas da Capoeira Angola que, aqui, cito apenas alguns deles como Brandão, João Grande, Lua Rasta, Nô, Bola Sete, Virgílio, Gajé. Entre esses existem alguns já falecidos como os Mestres Gildo Alfinete, Caiçara, Mario Bom Cabrito, Gato Preto, Paulo dos Anjos, Mala, Bigodinho, Pelé do Tonel e João Pequeno de Pastinha.